Os mais velhos dizem que “quem desdenha quer comprar”. Será mesmo verdade?
Tentar desvalorizar o produto ou o serviço prestado por alguém, ou o que chamamos de barganhar, é prática comum nos negócios. Isso acontece em muitas áreas de nossa vida. Seja quando você vai contratar um pedreiro para realizar serviços de alvenaria, quando vai ao mercado comprar frutas e verduras, e até mesmo na hora de adquirir um carro ou uma casa. Não importa o valor do bem, sempre vamos pechinchar.
O problema maior é quando fazemos isso inconscientemente, mesmo não estando numa loja ou no mercado. Dois exemplos são muito comuns. O primeiro trata daquelas pessoas que gostam de rotular pessoas e ocupações. Há mulheres que costumam dizer: “Homem é tudo igual”! Mas será mesmo? Penso que para ter essa certeza seria preciso conhecer todos, sem exceção. O desejo de quem promove esse discurso não é disseminar o ódio contra os homens, e sim o de conhecer alguém interessante, que dê e receba amor, de compartilhar com o outro bons sentimentos. Ela está desdenhando, mas no fundo quer comprar. Pode ser que “o produto” que ela queira esteja em falta na prateleira, ou não se encontra onde ela está procurando, mas que ele existe isso não resta dúvidas.
O segundo exemplo parece ser também bastante comum no dia a dia. Já ouviram dizer que funcionário público é preguiçoso? Que ganha bem e não gosta de trabalhar? Pois é, geralmente quando isso acontece, fico me perguntando se a pessoa que profere esse tipo de discurso não é frustrado por não ter sido aprovado num concurso público ou se nunca candidatou a uma vaga por não se achar competente ou habilitado o suficiente para ter êxito nas provas. Do mesmo modo, são aqueles que criticam todo e qualquer empresário, afirmando que empresas exploram o trabalho dos outros. Será que esses críticos não gostariam também de ser empresários? Mas será que possuem qualidades empreendedoras, tais como coragem para correr riscos, persistência, habilidade com vendas, inteligência emocional, dentre outras? Talvez não…
Ao ir às compras, precisamos ter o espírito preparado para voltarmos de mãos vazias para casa. Nem sempre vamos ter dinheiro suficiente. Outras vezes o produto pode ser diferente do que julgávamos. E ainda, ao depreciarmos um determinado produto, pode ser que outro o compre enquanto pensamos na melhor escolha. Pior que não encontrar o produto, é tê-lo em suas mãos e perdê-lo para o concorrente.
Talvez o que mais importa é não desvalorizarmos o produto ou quem o vende, porque quando o fazemos, cometemos o erro de generalizarmos tudo, correndo o sério risco de colocar, injustamente, todos no mesmo barco. Por fim, não poderia terminar este texto sem indicar a famosa fábula de Esopo, A raposa e as uvas. Quem a ler vai compreender…