Geralmente nas novelas identificamos de imediato o bandido ou o vilão. Desde o início da trama, o bandido aparece fazendo suas maldades, disseminando o ódio e a violência, e acabamos por sentir muita raiva dele, até o momento em que ele é desmascarado e punido de forma severa. O que acontece só nos últimos capítulos.
Nos filmes é o mesmo roteiro. O que muitas vezes muda, é que nos filmes mostra-se o outro lado do bandido, a sua história. Ele não nasceu bandido, mas tornou-se um pelo ambiente em que vivia, como no pensamento de Rosseau, “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”. Todavia, o bandido permanece mau até o fim do filme, e geralmente morre de forma trágica, para pagar seus pecados.
Na vida real o bandido nem sempre aparece com uma fantasia do mal. Ele não é facilmente identificável, assim como ocorre nos filmes e novelas. O bandido não tem cor, raça, credo ou mora em lugares bem específicos, como alguns possam acreditar. O seu habitat não é a favela, não é o bairro pobre, não é a periferia, e sim o mundo. Ele não tem um número, ele não nasceu assim, como se fosse um ser de outro planeta.
De terno e gravata, bem vestido, elegante ou mesmo em trajes menos requintados, o bandido destila seu ódio e a violência por onde passa ou convive. Não importam a vestimenta e o modo de expressar. Ele é um ser humano comum, como eu e você que me lê; escolhe lugares para agir e pessoas para atrair, sempre de modo vil e desprezível. Sai cometendo atos de violência, de modo especial contra aqueles que julga indefesos, ratificando a sua inescrupulosidade e o mau-caratismo.
Mas onde está o bandido?
A resposta mais simplória seria “em todos os lugares”, mas boa parte deles está neste momento dentro de casa, abusando, violentando, espancando e maltratando esposas, filhos e idosos. É o que comumente se dá o nome de “violência doméstica”, que mesmo com algum destaque nas mídias, cresce a cada dia, mas que muitos ainda fingem não existir.
Nos filmes e novelas há sempre um final feliz, que é quando o bandido morre. Na vida real nem sempre vai existir um fim para o bandido, mas há sempre um começo…
Comece denunciando!