Desde muito cedo somos blindados pelos pais e familiares, e até mesmo professores, quando nos dizem que temos talento nesta ou naquela atividade. Se temos facilidade em fazer cálculos, certamente a profissão de engenheiro está encaminhada. Se a habilidade notada é na escrita ou na leitura, talvez torne-se um promissor advogado.
Dom, talento ou aptidão, carregam sempre nas entrelinhas um poder divino. Quando não, é genética. Ciência e religião se misturam para mostrar que uma das suas habilidades não te pertence, que é externa a você. Simplificando, você teve sorte, pois nasceu assim…
Com o passar do tempo você se acostuma a ser talentoso, e pouco se esforça para melhorar. Enquanto muitos suam a camisa, para serem reconhecidos em algum esporte, você descansa, e sabe que a qualquer momento, num simples toque de mágica, vai resolver o problema do time. É a diferença do craque para o “perna de pau”.
Dizem os antigos que quando ganhamos algo sem fazer esforço, não damos muito valor. É mais ou menos isso com o talento. Se nasceu comigo, vai permanecer, então pra que treinar, dedicar e esforçar?
Quando chegamos à fase adulta, descobrimos que nem sempre o talento vence. O dom que você tinha para a música não foi aperfeiçoado e ficou pra trás. O atleta ou esportista que você era não existe mais, porque a falta de atividade consumiu o seu corpo. O menino bom em matemática não virou engenheiro, porque não gostava de estudar.
Se você gostou do tema e quer aprofundar um pouco mais, indico dois livros: Mindset, de Carol Dweck e Garra, de Ângela Duckworth, ambas psicólogas. É impressionante como passamos muito tempo de nossas vidas acreditando que somos talentosos, que somos bons em algo e deixamos o esforço de lado. Pensamos que os aprovados em concursos são gênios, que os grandes pensadores tiveram a sorte de nascerem inteligentes, e que muitos hoje fazem sucesso em alguma área, porque era esse o destino deles.
Para finalizar, deixo uma frase que sempre gostei e é atribuída a Dave Weinbaum: “Se não puder se destacar pelo talento, vença pelo esforço”.
Bom dia, amigo. Muito bom o texto. É algo que tenho tentando colocar como premissa na minha vida, especialmente na criação dos meus filhos. Elogiar e estimular os esforço em vez do “talento”. Li recentemente um livro de educação infantil chamado “Disciplina Positiva”. Ele mostra o quanto esses elogios genéricos são prejudiciais ao desenvolvimento. Anotada as sugestões de ambos os livros.
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Bom dia, Salmo. É interessante perceber que até hoje somos “glorificados” pelas vitórias conquistadas. Você foi aprovado nos concursos que prestou, porque nasceu com o “dom” para os estudos. As pessoas esquecem o seu esforço, a sua dedicação, o que você teve que abdicar para estudar. Quanto aos filhos, a sua conduta está certíssima. O livro Mindset é apaixonante e assustador. Abraço.
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